Ciência e Weltanschauung - a Álgebra como Ciência Árabe. L. Jean Lauand Universidade de São Paulojeanlaua@usp.br Originalmente, conferência proferida em 14 - 4 - 98 na Universidad Autónoma de Madrid - Depto. de Estudios Árabes e Islámicos. 1. A Ciência e seu contexto cultural Nesteestudo,analisaremosaÁlgebracomociênciaárabe.Comecemosporanteciparalgunstópicosdediscussãosobrequesignificadopodeterfalarem ciênciadestaoudaquelanaçãooucultura-paraalémdomerofatodeindicaroestágiodedesenvolvimentoouaproduçãodoscientistasdeuma nacionalidade,comoquandosediz:"aFísicarussaestábastanteadiantadaeédetentoradediversosPrêmiosNobel"ou"sóaMedicinaamericanaconsegue fazer esse tipo de transplante" etc. Ordinariamentetendemosapensarqueoconhecimentocientíficoindependedelatitudeseculturas:umafórmulaquímicaouumteoremadeGeometria sãoosmesmosemlatimouemchinêse,sendoacomunicaçãooúnicoproblema-assimsepensa,àprimeiravista-,bastariaumaboatraduçãodostermos própriosdecadadisciplinaetudoestariaresolvido.Naverdade,sabemosqueascoisasnãosãotãosimplesenãoéprecisomuitoesforçoparalembrarquea evoluçãodaciênciaestárepletadeinterferênciashistórico-culturais,condicionandoosurgimentodeumadisciplina,oreconhecimentodeumresultadooua adoção de um procedimento científico... Éconhecido,porexemplo,ofatodequeespíritostãoinovadorescomoGalileuouDescartesapegaram-seao"dogmacientífico"dohorroraovácuo(1);só Pascal-namesmaépocaeapósmuitarelutância-superouesseerro.Descartes,emseuPrincípiosdaFilosofia-mesmotratadoquecomeçaafirmandoser necessárioduvidarradicalmentedetudooquepossaapresentaramaisínfimaincerteza-,tomacomoumaintuiçãoirrefutáveldarazãoaidéiatradicionalde que a natureza tem horror ao vácuo... Essescondicionamentossãodediversasordens.Assim,aodizerqueaGeometria(geo-metria,emgrego)éumaciênciagregaouqueaÁlgebra(al-jabr)é uma ciência árabe (2) , estamos afirmando algo mais do que a "casualidade" de terem sido gregos ou árabes seus fundadores ou promotores. Aproximamo-nosdosentidodaexpressão"ciênciaárabe"quandopensamosemcasosparalelos.Diz-se,porexemplo,queacaligrafiaéuma"arteárabe", masnãosedizqueapinturaouoteatrosejam"artesárabes".Nessescasos,nãoestamosaquiinteressadosnofatodehavermuitosetalentososcalígrafos árabes(ounodacorrespondenteescassezdepintores),masnuma"conexãodesentido"entreaartecaligráficaefatorescomo:aatitudeárabeperantea escrita(esuarelação,digamos,comomodocomooAlcorãoconsideraosayyat,ossinaisdeDeus);adesconfiançasemitaemrelaçãoàimagem;alínguaea religião; etc. (3). NocasodaÁlgebra,nãofoipormeroacasoqueelasurgiunocalifatoabássida("aocontráriodosOmíadas,osAbássidaspretendemaplicarrigorosamente aleireligiosaàvidaquotidiana"(4)),noseioda"CasadaSabedoria"(Baytal-Hikma)deBagdad,promovidapelocalifaAl-Ma'amun(5),umaciêncianascida em língua árabe e criada por Al-Khwarizmi, pioneiro da ciência árabe e "antagonista da ciência grega" (6). Certamente,oqueamodernamatemáticaentendeporÁlgebrapodeparecerumafriaeobjetivaaxiomática-constitutivadeumasintaxedeestruturas operatóriasedestituídadequalqueralcancesemântico-,masessaÁlgebradehojeéoresultadodaevolução-emdesenvolvimentocontínuo-davelhaal-jabr, forjada por um contexto cultural em que não são alheios, elementos que vão desde as estruturas gramaticais do árabe à teologia muçulmana da época... 2. Al-jabr e al-muqabalahMuhammadIbnMusaAl-Khwarizmifoimembroda"CasadaSabedoria",aimportanteacademiacientíficadeBagdad,quealcançouseuesplendorsobAl-Ma'amun(califade813a833).Aele,Al-KhwarizmidedicouseuAl-Kitabal-muhta-sarfyhisabal-jabrwaal-muqabalah("Livrobreveparaocálculodajabreda muqabalah"), o livro fundador da Álgebra. Comecemosporobservarqueaspalavrasquenomeiamanovaciência,al-jabreal-muqabalah,emboraempregadasporAl-Khwarizmiemsentidotécnico, eram (e ainda são) termos da linguagem corrente árabe. O radical trilítere j-b-r (7) está associado aos seguintes significados: Força:porexemplo,oanjoGabriel,Jibryl,é,literalmente,força-de-Deus.NoAlcorão(59,23),Al-Jabar-oforte,oquefazvalersuavontade-éumdos99nomes de Deus. Forçaquecompele,queobriga:nestesentido,oAlcorãodiversasvezes(11,59;14,15;28,19;40,35;etc.)empregaj-b-rpara"tiranizar","tirano"etc..Nãopor acaso,acorrenteteológicamuçulmanaquenegaolivre-arbítriodohomememfavordeuminevitáveldestinopré-determinadofoidenominadajabariyah.E também o serviço militar compulsório é ijbary... Restabelecer:pôr(ourepor)algoemseudevidolugar,restabelecerumanormalidade.Daíquetajbirsejaortopediaejibarah,redução,nosentidomédico: reconduzir(talvezforçando-oportala,gessoetc.)oossoaseudevidolugar:naEspanha,notempoemqueosbarbeirosacumulavamfunções,podia-severa placa "Algebrista y Sangrador" em barbearias (8). "Álgebra" no sentido de "ortopedia" vigorou, por muito tempo, também na língua portuguesa (9).PorqueAl-Khwarizmiescolheapalavrajabrparaoprocedimentofundamentaldesuanovaciência?Precisamenteporque-analogamenteàortopedia-a Álgebraé"forçarcadatermoaocuparseudevidolugar".JánocomeçodeseuKitab,Al-Khwarizmidistingueseisformasdeequação,àsquaistodaequação dada pode ser reduzida (e, portanto, canonicamente resolvida). Em notação de hoje: Al-jabr é a operação que soma um mesmo fator (afetado do sinal +) a ambos os membros de uma equação para eliminar um fator afetado com o sinal - . Jáaoperaçãoqueeliminatermosiguaisousemelhantesdeambososladosdaequaçãoéal-muqabalah(que,porsuavez,derivadoradicalq-b-l,cujo significadoé:estarfrenteafrente-daíaqiblahnamesquitaindicaradireçãodeMeca-;caraacara-daítambémqueqabilasejatambémbeijar-;confrontar; equiparar -"toma lá, dá cá" - etc.). Seja, então, um problema em que os dados podem ser postos sob a forma: Al-Khwarizmi procede do seguinte modo: Divide por 2 e reduz os termos semelhantes: E o problema já está canonicamente equacionado. Feitaestadigressãotécnica,passemosaanalisar(emalgunscasosnãoserápossívelsuperarameraalusãoindicativa...)asrelaçõeseconexõesdesentido que se dão entre a Álgebra e alguns aspectos da cultura árabe. 3. A Álgebra no Islam: o religioso e o temporal Comecemos pelos fundamentos das necessidades práticas da sociedade. Emseuestudo"L'Islametl'épanouissementdessciencesexactes"(10),RoshdiRashed,paramostraraconexãoentreAlcorão,ciênciaevidaprática, exemplificaprecisamentecomaÁlgebra:'ilmal-fara'id(ciênciadapartilha,daherança).Osprópriosjuristasreferem-seàÁlgebracomohisabal-fara'id,o cálculodaherança,segundoaleicorânica.Eaítemosjáumprimeirocondicionamentohistórico-cultural,própriodoIslam,noqualocasodaherançaé emblemático. Trata-se da sólida união que se dá no Islam entre a ordem religiosa e a temporal. Porcoincidência,omesmoproblemadaherança(paraomuçulmano,sobalegislaçãodiretadeAllah)épropostoaCristo.Cristo,quedeclara-algo impensável na visão muçulmana - "A César o que é de César; a Deus o que é de Deus", recusa-se a estabelecer concretamente os termos da herança. Trata-sedeumepisódioevangélicoaparentementeintranscendente:"umdamultidão"aproxima-sedeCristoefazumpedido:queJesususeSuaautoridade paraconvencerseuirmãoarepartircomeleaherança(Lc12,13).Parasurpresadaquelehomem(econtrariandoamentalidadeantigaeaoriental,que uniamopoderreligiosoaquestõestemporais...),Cristorecusa-seterminantementeaintervirnessaquestão:"Homem,quemmeestabeleceujuizouárbitrode vossapartilha?"(Lc12,14).OmáximoaqueCristochegaéaumacondenaçãogenéricadacobiça,contandoaessesirmãosaparáboladohomemricocujos campos haviam produzido abundante fruto e com o célebre convite à contemplação dos lírios: "Olhai os lírios do campo...". Bemdiferentessãoascoisasnomundomuçulmano.RogerGaraudy,nocapítulo"FéePolítica"mostracomoatawhid(unidade,dogmacentralislâmico) muçulmanaseprojetasobreapolítica,odireitoeaeconomia:"Deuséoúnicoproprietárioeeleéoúnicolegislador.TaléoprincípiodebasedoIslamemsua visão de unidade (tawhid)" (11) . GaraudytemrazãoaoafirmarquenãosedánoIslam(nãohásacerdotes),umateocraciaclericaldetipoocidental,maséinegável,também,queavisão muçulmana tem favorecido uma forte e arraigada teocracia própria e não por acaso o chefe político se intitula ayyatullah, "sinal de Deus" (12) . Sejacomofor,ofatoéque,naquestãodaherança,oAlcorão(4,11ess.)dizconcretamente:"Allahvosordenaoseguintenoquedizrespeitoavossos filhos:queaporçãodovarãoequivalhaàdeduasmulheres.Seestassãomaisdeduas(13),corresponder-lhes-ãodoisterçosdaherança.Seéfilhaúnica,a metade.Acadaumdospaiscorresponderáumsextodaherança,sedeixafilhos;massenãotemfilhoselheherdamsóospais,umsextoéparaamãe.Etc., etc.". E conclui: "De vossos ascendentes ou descendentes, não sabeis quais vos são os mais úteis. Isto compete a Allah. Allah é onisciente, sábio". Contrastemoscomocristianismo.Naturalmente,paraumcristão,omundoécriaçãodeDeuseobradesuaInteligência:omundofoicriadopeloVerbum e,portanto,conheceromundoéconhecersinaisdeDeus.Emais:cadacriaturaéporqueécriadainteligentementeporDeus,participadoserdeDeus.ODeus cristãoéEmmanuel,Deusconosco,epelaEncarnação,aeternidadedeDeusingressanatemporalidadeeCristoencabeça,recapitula(comodizoCatecismoda Igreja Católica) toda a realidade criada. DaíqueaIgrejadefendatenazmentealeimoral,leinaturaldadignidadedoserdohomem,quelhefoiconferidapeloatocriadordoVerbum.Mas, precisamenteporessamesmaconcepçãoteológica,ocristãopodeafirmaramaisdecididaautonomiadasrealidadestemporais:porqueomundoéobrado Verbum, a realidade temporal tem sua verdade própria, suas leis próprias, naturais, descartando o clericalismo (14) . EstaémesmoadoutrinaoficialdaIgreja,querejeitadefinitivamentetantooclericalismoquantoolaicismoquepretendeafastarDeusdarealidadesocial. Assim,namesmapassagem(4,36)emqueaLumenGentium((15))afirma:"nenhumaatividadehumanapodesersubtraídaaodomíniodeDeus",ajunta:"é precisoreconhecerqueacidadeterrena,aquemsãoconfiadososcuidadostemporais,seregeporprincípiospróprios".EaGaudiumetSpes(1,3,36):"Sepor autonomiadasrealidadesterrestresentendemosqueascoisascriadaseasmesmassociedadesgozamdeleisevalorespróprios,aseremconhecidos,usadose ordenadosgradativamentepelohomem,éabsolutamentenecessárioexigi-la.Istonãoésóreivindicadopeloshomensdenossotempo,masestátambémde acordocomavontadedoCriador.Pelaprópriacondiçãodacriação,todasascoisassãodotadasdefundamentopróprio,verdade,bondade,leiseordem específicas. O homem deve respeitar tudo isto, reconhecendo os métodos próprios de cada ciência e arte" (16) . Emextremosentidocontrário,umAyyatulahKhomeini(17)pôdeafirmar:"Costuma-sedizerqueareligiãodeveserseparadadapolíticaequeas autoridadesreligiosasnãosedevemimiscuirnosassuntosdeEstado.(...)Taisafirmaçõessóemanamdosateus:sãoditadaseespalhadaspelosimperialistas. ApolíticaestavaseparadadareligiãonotempodoProfeta?(QueDeusoabençoe,aEleeaosseusfiéis)"(p.27)."OIslamtempreceitosparatudooquediz respeitoaohomemeàsociedade.EssespreceitosprocedemdoTodo-PoderosoesãotransmitidospeloseuProfetaeMensageiro.(...)Nãoexisteassuntosobre oqualoIslamnãohajaemitidoseujuízo"(p.19)."Ainstauraçãodeumaordempolíticasecularequivaleaentravaroprogressodaordemislâmica.Todopoder secular,sejaqualforaformapelaqualsemanifesta,éforçosamenteumpoderateu,obradeSatanás.Énossodeverexterminá-loecombaterseusefeitos.(...) Nãotemosoutrasoluçãosenãoderrubartodososgovernosquenãorepousamnospurosprincípiosislâmicos,sendo,portanto,corruptosecorruptores(...)É esse o dever, não só dos iranianos, mas de todos os muçulmanos do mundo." (p. 23) OIslam,aocontráriodocristianismo,afirmaumaabsolutatranscendênciadeDeus(transcendênciaacentuadapeladoutrinamu'atazilita)eumarevelação ditada(18),"descida"(emárabe,overbonazala,queseaplicaàrevelaçãodivina,significatambém"descer").ArevelaçãodeAllahesuatawhidestão sinalizadas (19) no mundo. E o princípio da unidade não se aplica só à política, mas alcança também as ciências. Emprimeirolugar,asciênciasestãoaserviçodafé(20),tambémdeummodoprático:umasociedadesobaforteeurgentenecessidadedeobedeceràlei doAltíssimo,precisaoperacionalizarassoluçõesdosgravesproblemasdepartilha.AÁlgebrasurgecomoumaciênciavoltadaparaaresoluçãodesse problemasuscitadopeloAlcorão(21).Cabe,nessesentido,umasimples-porém,sugestiva-observação:aÁlgebradeAl-Khwarizmiéinteiramenteretóricae nãoempregasimbolos.Note-sequeosnúmerossimplessãodesignadospordirham,queéumaunidademonetária;aincógnitaédesignadapelapalavra árabe xay', coisa, e, se é de ordem quadrada, mal (riqueza, bens, fortuna). Alémdisso,deummodointrínseco:"oprincípiodatawhid,opontocapitaldaexperiênciaislâmicadeDeus,excluiaseparaçãoentreciênciaefé.Tudo,na natureza,sendo'sinal'dapresençadivina,oconhecimentodanaturezatorna-se(...)umacessoàproximidadedeDeus.(...)Asabedoriadaféintegratodasas ciênciasnumconjuntoorgânico,poistodastêmumobjetivonomundoque,emsuatotalidade,éuma'teofania',umarevelaçãodos'sinaisdeDeus'.Ouniverso é um 'ícone' no qual o Um se revela através do múltiplo por mil símbolos" (22). Nessesentido,umimportanteinstrumentodeligaçãoentreasciênciaséprecisamenteaÁlgebra.Referindo-seàépocaemquesurgeaÁlgebradeAl-Khwarizmi,RoshdiRasheddiz:"OcomeçodoséculoIXéumgrandemomentodeexpansãodamatemáticahelenísticaemlínguaárabe.Ora,éprecisamente nesseperíodoenessemeio(oda"CasadaSabedoria"deBagdad)queMuhammadIbnMusaal-Khwarizmiredigeumlivrocomassuntoeestilonovos.Defato, énessaspáginasquesurge,pelaprimeiravez,aÁlgebracomodisciplinamatemáticadistintaeindependente.Talsurgimento-ejáoscontemporâneosse apercebemdisso-foideimportânciacrucial,tantopeloestilodessamatemática,comopelaontologiadeseuobjeto(grifonosso)e,maisainda,pelariquezade possibilidadesquecomelaseabrem.Oestiloé,aomesmotempo,algorítmicoedemonstrativoe,comessaálgebra,imediatamentejásedeixaentrevera imensa potencialidade que impregnará a Matemática a partir do séc. IX: a aplicação das disciplinas matemáticas umas às outras" (23) . 4. A Álgebra no sistema língua/pensamento árabe.Nestetópicoresumiremosalgumascaracterísticasdosistemalíngua/pensamento,nosentidoqueessaexpressãotememLohmann(24)easrelaçõesentre seusdoispólos:línguaepensamento.Essaanálisepermitir-nos-áumamelhorcompreensãodeaspectosdaÁlgebracomociênciaárabeedesuaevolução(em contraposição à Geometria, ciência grega). Umaprimeiraobservaçãosobreasrelaçõesentrelínguaeformadepensamentoéadeque"oquenosinteressanãosãoaslínguasemsi,masaslínguas enquantopré-determinamumacertaconcepçãodemundoparaofalante,oucomodizHeidegger,eineErschlossenheitdesDaseins"(25).Emoutraspalavras, oalcancedopensamentocondiciona-sepelalinguagem.Nãosópelomaioroumenornúmeroeprofundidadedeconceitosepotencialexpressivodos vocábulos, mas também (e principalmente) pelas estruturas peculiares de cada língua ou famílias de línguas. Assim,cabefalarnumsistemalíngua/pensamento,que,nocasodogrego,éjustamentedesignadoporlogose,nocasodoárabe,porma'na."Oconceitode ma'na,'intencionalidade'(26),étãocaracterísticodaformaárabedepensamento,comooéanoçãoespecíficadotermogregologos,emsuaconcepção original,paraaformadepensamentodogregoclássico.E,alémdomais,justamenteporessasduasnoções,ou,porassimdizer,sobosauspíciosdessasduas noções,équeessasduasformasdepensamento,encarnadas,cadaumaemumalínguadeterminada-ogregoclássicoeoárabeclássico-exprimiram-se como tais em uma filosofia" (27) . E, poderíamos complementar: exprimiram-se também em Álgebra e Geometria. Poisosistemagrego,logos,buscaestabelecerumaexatacorrespondênciaentrepensamentoerealidade.Correspondênciabiunívocajáprogramaticamente estabelecidaporParmênidesquandoafirma:Tògàrautonoeinestintekaìeinai("Naverdade,pensareseré,aomesmotempo,amesmacoisa").Talpretensão de pensamento é possibilitada por diversos fatos de linguagem. Destacaremos dois para efeito de contraste com o árabe. 1)Aocontráriodoárabe,nocentrosemânticodosistemagrego,"encontra-seoverboesti(ser),que,segundoAristóteles,estáimplicitamentecontidoem qualqueroutroverbo"(28).Overboser,característicacentraldosistemalogos(edetodooindo-europeu),permitiriaoenlaceexatoentrearealidadeemsi mesma e o pensamento: pelo verbo ser o pensamento homo-loga o real. Umexemploajudar-nos-áacompreenderessarelação.Sejaocasodeespecialistasemsegurançacontraincêndioquehomologamumdeterminado edifício.Elesdispõemdeumlogos,umcorpodenormastécnicasracionalmenteestabelecidase,inspecionandoumprédio,verificamsearealidade(apresença detantosextintoresdeincêndio,taisetaismangueiras,portascorta-fogo,saídasdeemergênciaetc.)daqueleedifícioestánomesmologos(homo-logação)da norma. Do mesmo modo, para o sistema grego, o pensamento está em homologia com a realidade. 2)Alínguagregaflexionatemas(enquantoaárabeflexionaaprópriaraizdeumapalavra).Noexemplotradicionaldasgramáticaselementaresdelatim(e, obviamente,omesmosedácomogrego),oradicalrosderosapermanecefixo,poisumarosaéumarosa;qualqueroutrofator(seurelacionamentocomo mundoexterior,comopensamentohumanooucomqualidadesquesãonela):dacordarosa(genitivo)aomosquitonelapousado(ablativo),érefletidopelas desinênciasrosam,rosarum,rosaeetc.Oárabe,porsuavez,nãotemradicaisfixos:oradicaltrilítereéintra-flexionado:SaLaM;iSLaM;SaLyM;muSLiMetc. (correspondenteàousía,àsubstantia).Lohmanninterpretaestefatodoseguintemodo:"Oárabe,comoosemíticoemgeral,deumlado,eogrego,deoutro, estabelecemrelaçõescomomundo:um,principalmentepeloouvidoeooutro,peloolho.Talfatolevouofalantesemíticoaumapreponderânciadareligião, enquantoogregotornou-seoinventordateoria.Daídecorre(ouprocede...?)umadiferençaanálogadasrespectivaslínguas,quantoaseutipodeexpressão. Cadaumdessesdoistiposcaracteriza-seporumprocedimentogramaticalespecífico:flexãoderaízesnosemíticoeflexãodetemasnoindo-europeuantigo" (29) . Aomnipresençadoverbosereaflexãodetemas,comoagudamenteindicaLohmann,favorecemumsistemalogos("ocular","especular")de correspondência exata entre pensamento e realidade que, como veremos, é característica também da Geometria grega. Jáoárabetendeaosistemama'na-pensamento"auricular","pensamentoconfundente"(30)-pelaausênciadaamarradoverbosercomoverbode ligação, pela indeterminação semântica de seus radicais trilíteres etc. Configura-se, assim, uma despretensão de atingir a ousía, a substantia. Talposicionamentoéconfirmadopelareligiãoe,particularmente,peladoutrinamu'atazilita,queéopensamentoteológicoimpostooficialmentepelocalifa Al-Ma'amunemBagdad,àépocadeAl-Khwarizmi.Pode-seaplicaràÁlgebraasconsideraçõesdeLohmannsobreas"distorções"narecepçãodafilosofiagrega pelosárabese,principalmente,porAverróes:"(Umaspecto)quesedeveconhecerparasecompreenderaintençãodoComentador(subjacenteàsua interpretaçãodeAristóteles)éanoçãodeessentia(comotraduçãodapalavraárabedhat).Dhat-conceitoprofundamentearraigadonoaristotelismoárabe naespeculaçãoteológicaislâmicadoséculoIXdanossaera,emBagdad-éaessênciadeDeus,emoposiçãoaosatributos,porcujamediação,fala-sedeDeus noAlcorão.AessênciadeDeus,segundoadoutrinamu'tazilita-teologiaoficialdeBagdadnaprimeirametadedoséculoIX-éabsolutamentetranscendente emoposiçãoaessesatributos.EssatranscendênciaabsolutadeDeus-expressapelanoçãodhatetraduzidaemlatimporessentia-,emoposiçãoatodasas noçõesdescritivas(sifat,emárabe),transformou-seemS.Tomás(e,decertamaneira,jánoComentador,consideradoumaautoridadeporS.Tomás)emuma transcendência da coisa real com relação ao intelecto humano - transcendência que conduziu, em seguida e enfim, ao Ding an sich de Kant". Junte-seaestasconsiderações,ocritério-certamentenãocasual-daseleçãodefontesdeAl-Khwarizmi.SolomonGandz,omodernoeditordeAl-Khwarizmi,consideraessencial,nofundadordaÁlgebra,seucaráteroriental,não-gregoemesmoanti-grego.Valeapenatranscreversuaintroduçãoao capítulo "Mensuração" do Kitab: 5. Al-Khwarizmi, o antagonista da influência gregaNauniversidadedeBagdad,fundadaporAl-Ma'amun(813-33),achamadaBaytal-Hikma,ondeAl-KhwarizmitrabalhousobopatrocíniodoCalifa, floresceutambémumvelhocolegaseu,chamadoAl-HajjajibnYusufibnMatar.Estehomemeraolíderdacorrenteafavordarecepçãodaciênciagregapelos árabes.Dedicoutodasuavidaatraduzirparaoárabeasobrasgregas.JánocalifatodeHarunal-Rashid(786-809),Al-HajjajtinhatraduzidoOsElementosde Euclides.QuandoAl-Ma'amuntornou-secalifa,Al-HajjajtentouobterseufavorparaumasegundaediçãodesuatraduçãodeEuclides.Posteriormente(829-830),traduziuoAlmagesto.Ora,Al-Khwarizminuncamencionaseucoleganemtampoucosuasobras.EuclidesesuaGeometria,emboradisponíveispelaboa traduçãodocolega,sãototalmenteignoradosporAl-Khwarizmi,quandoeleescrevesobreGeometria.Emais,no"Prefácio"desuaÁlgebra,Al-Khwarizmi claramenteenfatizaseuobjetivodeescreverumtratadopopularque,aocontráriodamatemáticateóricagrega,sirvaafinspráticosdopovoemseusnegócios deherançaselegados,emseusassuntosjurídicos,comerciais,deexploraçãodaterraedeescavaçãodecanais.Al-Khwarizmiaparecenãocomoumdiscípulo dosgregos,masmuitopelocontrário,comooadversáriodeAl-Hajjajedaescolagrega.Eleéorepresentantedasciênciaspopularesnativas.NaAcademiade Bagdad,Al-Khwarizmirepresenta,antes,umareaçãocontráriaàintroduçãodamatemáticagrega.SuaÁlgebracausaumaimpressãodeprotestocontraa tradução de Euclides e contra toda a tendência de acolhimento das ciências gregas (31). 6. Árabe x Grego: os conceitos de razão e proporção A geometria grega é o modelo acabado do sistema grego (32) , de uma "língua de visão", em correspondência, tanto quanto possível, bijetora com o real. Esse"tantoquantopossível"impõeseuslimites:namatemáticagrega,nãoencontraremosonúmerozero(ozeronãotemcorrespondente-logoscomoreal) eéconhecidooescândalohistóricoproduzidopeladescobertadaincomensurabilidadedegrandezas(onúmeroirracional,paraosgregosa-logos!,entraem contradiçãocomoprópriosistemadepensamentogrego).E,deummodopositivo,Euclides(33)afirmaqueouméarealidadeeaunidadeéaquilopeloque cada uma das coisas que são é chamada de um! Jáoárabeédiferente.Seusistemalíngua/pensamentonãoélogos,masma'na:prevalecenãoapretensãodealinguagemacompanharparipassuoente, masosentidomental(intentio,ma'na),independentementedacorrespondência-logoscomoreal.Daíqueaciênciaárabe,porexcelência,sejaaÁlgebra(com zero e números negativos). E o irracional, na incomensurabilidade geométrica, é aceito com total naturalidade pelo árabe. Descreveremosnestetópico,sucintamente,asuperaçãodosistemalogosnocasoparadigmáticodaconceituaçãomatemáticaderazãoeproporção(34). Essa superação tem um importante marco inicial no matemático e poeta Omar Khayyam (35) , que abre caminho para os números irracionais. ParaanalisarosconceitosderazãoeproporçãonosElementos,comecemospelaobservaçãodeHeath:"Édignodenota,ofatodequeateoriadas proporções recebe duplo tratamento em Euclides: refere-se a grandezas em geral, no livro V, e só ao caso particular de números, no livro VII" (36) . ParaHeath,Euclidesteriaseguidoatradição:reproduzindoaantigateoriadeproporções(anterioràcrisedosincomensuráveis)etambémanova, atribuídaaEudoxo(adolivroV).Estadefinição(V,def.5)reza:"Diz-sequemagnitudesestãonamesmarazão-aprimeiraparaasegundaeaterceiraparaa quarta-quando:paraquaisquerequimúltiplosquesejamtomadosdaprimeiraedaterceiracomparadosaquaisquerequimúltiplosquesejamtomadosda segundaedaquarta,osprimeirosequimúltiploscoincidememsuperar(igualarouinferar)ossegundosequimúltiplosrespectivamentetomadosnaordem correspondente". Vuilleminobservaqueestateoriapermiteeludiroproblemadosirracionais(37).Subtrai-seoconceitoderazãoaoâmbitodamedida(eevita,portanto,o escândalodosincomensuráveis).EéprecisamenteessadefiniçãoderazãoqueseráobjetodecríticaporpartedeOmarKhayyam:paraele,Euclidesnãoteria atinado com o verdadeiro significado de razão, que se encontra no processo de medida de uma grandeza por outra (38) . Assim, Omar Khayyam define A:B = C:DTodososmúltiplosdaprimeirasãoretiradosdasegunda,atéquesetenhaumresto(R)menordoqueaprimeirae,igualmente,todososmúltiplosda terceirasãoretiradosdaquarta,atéquesetenhaumresto(R)menordoqueaterceira.Eonúmerodemúltiplosdaprimeiranasegundaéigualaonúmero demúltiplosdaterceiranaquarta.Emais:extraímosdaprimeira,todososmúltiplosdorestodasegunda,atéobterumnovoresto(R)menorqueorestoda segundaeigualmente,extraímosdaterceira,todososmúltiplosdorestodaquarta,atéobterumnovorestomenorqueorestodaquarta.Eonúmerode múltiplosdorestodasegundaéigualaonúmerodemúltiplosdorestodaquarta.Etc.E,assim,adinfinitum.Então,arazãoentreaprimeiraeasegundaé necessariamente a que se dá entre a terceira e a quarta. Esta é que é a verdadeira proporcionalidade a modo geométrico (39) Esteprocesso-jámencionadoporAristóteles-éoqueosgregoschamamdeantanairesisouantiphayresis.Aquantidademenor,digamosB,ésubtraídade A, com resto R1. E assim, R1 = A - q1B.A seguir, R1 é subtraído - tanto quanto possível - de B: R2 = B - q2R1E assim por diante... Apósafirmaraexcelênciadaantiphayresis,OmarKhayyamlevantaaquestãodecisivaparaoestabelecimentodosnúmerosirracionais:searazãodeveser entendida como um tipo de número. Desprendidosdocompromissogregodecorrespondênciapensamento/realidade,autoresárabescomoNasirad-Dinat-Tusinãoverãoinconvenienteem considerar todas as razões (e os limites das antiphayresis) como números. Um tal acolhimento só é possível no sistema ma'na... Referências(1).Paraoepisódiodo"horroraovácuo",verPieper,Josef"AtesedePascal:TeologiaeFísica-umaintroduçãoaoPréfacepourletraitéduvide"Cuadernosde Cultura y Ciencia, Madrid - S. Paulo, Univ. Autónoma de Madrid/ DloFflchusp, 1996, N. 2, pp.29 e ss. (2).Aolongodestetrabalho,estaremosnosreferindoprincipalmenteaoscasosparadigmáticosdeOsElementosdeEuclidesedaÁlgebra,talcomofundada por Al-Khwarizmi. (3).Umaanálisedessesfatorescondicionantesdaarteárabeencontra-seemHanania,AidaR.ACaligrafiacomoExpressãoCultural-AArtedeHassan Massoudy, tese de Livre-Docência, FFLCH-USP, 1995. (4) . Anawati, M-M e Gardet, Louis Introduction a la Théologie Musulmane, Paris, Vrin, 1981, p. 44. (5) . Não é de todo alheio a nosso tema, o fato de que esse califa fez de uma particular doutrina, a mu'atazilita, a teologia oficial do Império. (6).E,comoindicaremos,nãosãocasuaisasdefiniçõeseuclidianasderazãoeproporção(eoslimitesimpostosaessesconceitosnosElementos)nem tampouco a reação dos matemáticos árabes a essas definições. (7).Comosesabe,oradicalconsonantalé,emárabe,oqueésemanticamentedecisivo:asvogais,aprefixaçãoetc.sófazemumadeterminaçãoperiféricade sentido. (8) . Kline, Morris Mathematical Thought from Ancient to Modern Times, New York, Oxford University Press, 1972, p. 192. (9) . Cfr. por exemplo Nimer, Michel Influências Orientais na Língua Portuguesa, São Paulo, s.c.p., 1943, vol. I, verbete Álgebra. (10) . In Quatre conférences publiques organisées par l'Unesco, UNESCO, 1981, p. 152. (11) . Garaudy, Roger Promessas do Islam, Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1988, p. 70. (12).EmboraGaraudy,acostumado-porseupassadomarxista-àdistinçãoentresocialismoideale"socialismorealmenteexistente",umaeoutravezrecorra à "distinção entre o ensino corânico e a prática dos países muçulmanos..." (p. 70). (13) . E se só há filhas... (14) . Tratamos mais amplamente do tema em Tomás de Aquino hoje, Curitiba-S. Paulo, PUC-PR - GRD, 1993. (15) . Sugestivamente no capítulo IV, dedicado aos leigos - a cuja iniciativa e responsabilidade de cristãos compete a santificação da ordem temporal. (16) . Cfr. também Apostolicam Actuositatem (II, 7). (17) . Em seus Princípios políticos, filosóficos, sociais e religiosos, Rio de Janeiro, Record, 1980. (18) . E não meramente inspirada ao hagiógrafo, como no cristianismo. (19) . Ayyat significa não só sinal, mas também versículo do Alcorão. (20)."Deus,emsuamisericórdiainfinita,confiouoAlcorãoaSeuprofeta,paraqueohomempossadecifraranaturezae,destaforma,transcendê-la.Oestudo doAlcorãoéumainiciaçãoaoestudodanatureza.OestudodanaturezaéumaprocuradeDeus.OsfenômenosnaturaissãocifrasquesignificamDeus.O Alcorãoforneceostestesdeverificaçãoparaosesforçosdecifradoresdapesquisadanatureza.OhomempodecompararanaturezaaoAlcorão,porquesua menteparticipadoespíritodivino.AorigemdivinadamentehumanaévivenciadajustamenteporsuacapacidadedeadequaçãodoAlcorãoànatureza.Por suacapacidadealgébricaedecifradora,amentehumanatemaestruturadamentedivina"(FLUSSER,V."Amesquitaeaescrita",RevistadeEstudosÁrabes, DLO-FFLCHUSP, v. 1, n. 2, 1993, p. 33. (21).Esteéumfatotãonotório,queédestacadoportodososhistoriadoresdamatemáticaárabe.Citaremosaquiapenastrêsdosmaisconhecidos:Yousch-kewitch,A.P.Lesmathématiquesarabes,Paris,Vrin-CNRS,1976.Dalmedico,A.-Peiffer,J.Unehistoiredesmathématiques,Paris,Seuil,1988.Waerden,B.L.van derAHistoryofAlgebra,NewYork,SpringerVerlag,1985.Note-sequeprecisamenteapartesobreproblemaspráticosdeherança,aparteIIIdoKitab...,que ocupamaisdametadedolivrodeAl-Khwarizmi,éomitidanastraduçõeslatinasdeRobertodeChester-feitaemSegóviaem1145-edeGerardodeCremona- falecido em 1187 -, em Toledo. (22) . Garaudy, op. cit. pp. 81, 84-85. (23) . "Modernidade Clássica e Ciência Árabe", Revista de Estudos Árabes, DLO-FFLCHUSP, v. 1, n. 1, 1993, p. 9. (24).Lohmann,Johannes"SantoTomáseosÁrabes-Estruturaslingüísticaseformasdepensamento"RevistadeEstudosÁrabes,CentrodeEstudos Árabes/FFLCHUSP,SãoPaulo,AnoIII,n.5-6,pp.33-51.Tit.orig.:"SaintThomasetlesArabes(Structureslinguistiquesetformesdepensée)",Revue Philosophique de Louvain, t. 74, fév. 1976, pp. 30-44. Trad.: Ana L. Carvalho Fujikura e Helena Meidani. (25).Art.cit.p.38.MesmoreconhecendoumacertaradicalizaçãonaposiçãodeLohmann,nãorestadúvidadequehá-senãoumadeterminação-pelo menosumfortecondicionamentodopensamentopelasestruturasdalíngua.Talvezfossemelhorfalareminteraçãodialética,namedidaemquetambémo pensamento influencia a formação da língua. (26) . No sentido técnico-filosófico de intentio, apresentado por Lohmann. (27) . Art. cit. p. 35-36. (28) . Art. cit. p. 35. (29) . Art. cit., p. 36. (30) . No sentido "técnico" que Ortega y Gasset e Julian Marías dão à expressão. (31) . Cit. por Waerden, B. L. op. cit., pp. 14-15. (32).Jáageometriacontemporânea,ligadaàmodernaconcepçãodesistemasaxiomáticos,aproximar-se-iadeumaoutraformadepensamento(derivadado sistema logos, mas já independente) - também discutida por Lohmann no artigo citado -, paradigmatizado pelo inglês falado nos dias de hoje. (33).LivroVII,def.1.Citaremospelaed.deHEATH,ThomasL.TheThirteenbooksofEuclid'sElements,translatedfromthetextofHeibergwithIntr.andComm. New York, Dover, 2nd. ed., s.d., vol. I-III. (34).Paraumestudodarecepçãodoconceitoeuclidianoderazãoentreosárabes,veja-sePlooij,E.B.Al-Djajjâni-CommentaryonRatioinEuclid'sconception of Ratio as criticized by arabian commentators, Rotterdam, Uitgeuerij W.J. van Hengel, 1950. (35).OmarKhayyamestátãodistantedoidealgregodehomologaçãodorealetãoimersonosamthaldosistemama'na,quenumadasRubayyat-ade númeroXCIV(citopelaediçãoLesQuatrainsd'OmarKhayyam,trad.intr.etnotesdeCharlesGrolleau,Paris,ChampLibre,1980-chegaaescrever:"Parafalar claramenteesemparábolas:/Nóssomosaspeçasdojogo,jogadopeloCéu/Quebrincaconosconotabuleirodaexistência/Edepoisvoltamos,umaum, para a caixa do Nada". (36) . Op. cit. v. II, p. 113. (37) . Vuillemin, J. De la Logique a la Théologie, Paris, Flammarion, 1967, pp. 12 e ss. (38).ComoobservaDirkJ.Struikem"OmarKhayyamMathematician"TheMathematicsTeacher,April1958:"Omarishereontheroadtotheextensionofthe number concept which leads to the notion of the real number". (39) . Omar Khayyam cit. por Werden, B. L. v. der A History of Algebra - From al-Khwarizmi to Emmi Noether, N. York, Springer Verlag, 1985, p. 30.